:: Alegrete - Rio Grande do Sul - Brasil ::


José Carlos Fernández de Queiroga, eu, 47 anos (07/01/58), natural de Alegrete, RS, filho de José Carlos Rausch de Queiroga (vide anexo 1) e Fani Conceição Fernández de Queiroga, irmão de Iris Nélida Fernández de Queiroga Petraglia e de Blanca Maria Fernández de Queiroga, casado com Ayda Judith Bicca de Queiroga, pai de Caroline Bicca de Queiroga (avô de Eduardo Rausch de Queiroga Neumann e João Otávio Rausch de Queiroga Neumann) e de Isabel Bicca de Queiroga, formado em Letras (UFRGS), com especialização em História e Literatura do Rio Grande do Sul (FAPA), fui professor universitário e do segundo grau, em escola pública, formado em Comunicação Social (PUCRS), fui jornalista, editor de diversos periódicos em minha cidade natal, formado em Direito (UFRGS), jamais advoguei, temente a Deus, ainda disponível para o jornalismo, de preferência na área do planejamento gráfico e na produção de textos, especialmente crônicas, que as faço rápido e barato (quase dado), e para tal ofereço-me, preciso ganhar alguma coisa com o que escrevo, já que passo os dias a escrever, tenho dois romances prontos, não sei quantos em andamento, assim como uma novela de detetive, e olham-me como se fosse um vagabundo, eu que tanto trabalho, como se o montante ganho guardasse alguma proporção com os esforços dispendidos, se sim, os pedreiros e estivadores (vide crônica no que termina este CV, anexo 2) seriam os donos do país, longe de mim querer ser
dono do Brasil, uma pequena parte já tenho, a chácara La Pandorga, no Jacaraí, aqui mesmo, em Alegrete, onde mais escondo-me do que vivo, sei bem dos perigos das cidades grandes, com seus elevadores fechados, edifícios altos e trânsito caótico, um monte de gente respirando ao mesmo tempo, um horror, assim que contatem-me, nem que seja para tapar a boca de quem me critica por não montar a cavalo, eu, que cavalgo em meus textos, destro como um domador de potros, os tombos são da vida, aprendi com o Lazarillo (que traduzi, traduzo do espanhol, barato), ajudem-me, socorro!



Endereço/Fone:
Rua General Vitorino, 98, Alegrete, RS, CEP 97.542-310, Fone 0XX55-422.8294, Celular 0XX55-99452004



Formação acadêmica:

Comunicação Social (Jornalismo), PUC/RS 1979;
Ciências Jurídicas e Sociais, UFRGS 1985;
Licenciatura em Letras (habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa) UFRGS 1985;
Pós-graduação em História e Literatura do Rio Grande do Sul, FAPA 1984.


Cursos e afins:

curso de Análise de Textos Literários (IEL/DAC), 1978;
curso sobre a Literatura Gaúcha Contemporânea (FAPA), 1984; participação no ciclo de palestras sobre
Imigração Alemã (Academia Literária Feminina do RGS), 1984;
participação no Seminário Estadual de Literatura “Quintana – 80 Anos de Poeta” (Centro Integrado de Ensino Superior de Alegrete), 1986;
participação como jurado do Concurso Internacional de Literatura Mario Quintana (Prefeitura Municipal de Alegrete), 1986;
participação como integrante efetivo do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de Alegrete (Prefeitura Municipal de Alegrete), 1988;
participação no Seminário Estadual A Literatura e a História em Debate (SEC/Alegrete), 1989;
participação na Comissão de Seleção e Premiação do 2º Concurso Antonio Brasil Milano de Poesia (Prefeitura Municipal de Alegrete), 1989.
participação no II Seminário de Formação Sindical (CPERS), 1989; participação no III Seminário Estadual de Literatura Rio-Grandense (Fundação Educacional de Alegrete), 1989;
participação no I Seminário Estadual de Literatura Infanto-Juvenil (IAPEC), 1989;
participação no Seminário Internacional América Latina no Contexto Atual da Educação (SEC/RS), 1990;
participação no Encontro Internacional sobre o Ensino da Língua Portuguesa (PUC/Uruguaiana), 1990;
participação no IV Seminário Estadual de Língua Portuguesa e Literatura Rio-Grandense e 4ª Feira do Livro do Escritor Gaúcho (Fundação Educacional de Alegrete), 1990;
participação no Curso de Redação de Português: Concepção e Metodologia (SEC/RS), 1990;
participação no II Seminário Internacional do Cone Sul (SEC/RS), 1991;
participação no III Fórum de Estudos e Debates dos Problemas de Alegrete, na Comissão Técnica dos Problemas do Homem na Área da Educação (Prefeitura Municipal), 1991; participação no V Seminário Estadual de Língua Portuguesa e

  Literatura Rio-Grandense e 5ª Feira do Livro do Escritor Gaúcho (Fundação Educacional de Alegrete), 1991;
participação na Oficina de Criação Literária coordenada por Charles Kiefer (Fundação Educacional de Alegrete), 1991;
participação no III Seminário Internacional do Cone Sul (Fundação Educacional de Alegrete/ Prefeitura Municipal/ Câmara Municipal), 1992;
participação no VI Seminário Estadual de Língua Portuguesa e Literatura Rio-Grandense e 6ª Feira do Livro do Escritor Gaúcho (Fundação Educacional de Alegrete), 1992;
participação na Oficina de Redação Literária coordenada por Léa Masina (Fundação Educacional de Alegrete), 1992;
participação na I Jornada de Debates de Problemas Brasileiros (CPERS), 1993;
participação no Seminário Regional “Educação como Prática da Liberdade” (CPERS), 1994 e 1995;
participação, como coordenador, das Oficinas “Do Brinquedo à Poesia” (SESC), 1995;
(notaram que em 95 afasto-me de tudo, quando deixei o magistério, “Por que, hein? Que pena, os alunos gostavam tanto de ti...”, “Tu não tem nada que saber. Vai cuidar da tua vida!”, “Os alunos...”, “Vai plantar batata! Sai! Olha que eu te atiço o cachorro!”, dos alunos
tenho saudades – vide soneto após tudo o que ainda vem por aí de encher lingüiça, anexo 3);

Publicações:
Pacote (co-autor) Ed. CooEscritor, 1980 - POA;
Bazar (poesias) Ed. IEL/Igel, 1990 - POA;
Viagem aos Mares do Sul (romance) Ed. Mercado Aberto, 1999 – POA;
Tratado Ontológico Acerca Das Bolas do Boi, Editora Méritos, 2005, Passo Fundo.

Outras Publicações:
co-editor e co-autor de diversas antologias literárias, como Coletânea de autores diversos (1989), A palavra escrita em Alegrete (1995) e 20 poemas e uma carta de amor para Alegrete (1999);
editor do Caderno Especial 80 Anos de Mario Quintana (encartado no jornal Gazeta de Alegrete), 1986, e do Caderno Especial 80 Anos de Laci Osório (encartado no jornal Gazeta de Alegrete), 1991;
autor de inúmeros artigos, crônicas, poemas, etc. publicados em diversos veículos de comunicação locais, com destaque para publicações nas revistas de âmbito estadual Porto e Vírgula (Porto Alegre, jan/fev 1992) e Horizonte (Porto Alegre, julho de 1993);
orientador do jornal Letras Informativo, dos acadêmicos de Letras da Urcamp/Alegrete (1998).


Premiações:
VII Prêmio João Simões Lopes Neto - Poesia - Primeiro colocado (1989);
Concurso Nacional de Literatura Cidade de Belo Horizonte - Romance - Primeiro colocado (1995).

Experiência Profissional:

teeditor de vários jornais em Alegrete (Campeador, 83/85; Cidade e Campo, 93/97; Folha do Pampa, 96; Gralha, 96/97; revista Ponto, da Fundação Educacional de Alegrete, 1986/87; revista Centelha, 96/99; revista Fides, 98/2000; co-editor das publicações da Cooperativa Agroindustrial Alegrete Ltda, 98/2000, e de diversos outros veículos ligados a entidades de classe ou sociais);
coordenador de programas culturais de rádio, 86/87;
professor de Literatura do Rio Grande do Sul e Cultura Brasileira no Centro Integrado de Ensino Superior de Alegrete, 85/88 (atual Urcamp); professor de Literatura Brasileira na Escola Estadual de 1° e 2° Graus Emílio Zuñeda, 88/95;
co-coordenador do projeto Oficina de Literatura da Escola Emílio Zuñeda, publicando três edições da antologia Tubo de Ensaio, nos anos de 94, 95 e 96.
Até fins de 2001, editor do Diário de Alegrete.
Contratado como cronista diário pelo jornal... ou como qualquer coisa pela editora... ou, bueno, etc.

 
Há filmes que nos marcam pelo que não somos e gostaríamos de ser. Casablanca, por exemplo. Eu queria ser como Humphrey Bogart em Casablanca, só que ficando com a Ingrid Bergman no final. Vestiria aquele olhar de peixe morto; o cigarro ladeado nos lábios finos; mandaria o Sam tocar novamente a música ao piano; e – fundamental – estaria sempre de capote e de chapéu, em eternos anos 40, cine noir. Ainda teria ânimo para Uma aventura na África, com a Katherine Hepburn – viva.
Quem foi que disse que ninguém é insubstituível? O vazio deixado por Humphrey Bogart é imenso. O de Gary Cooper, o de James Stewart, o de Fred Astaire, o de Burt Lancaster... Talvez o maior de todos para mim seja o vazio deixado por Henry Fonda. A maneira como carregava o corpo magro de um lado para outro; um movimento com o maxilar, acompanhado de certa pressão dos lábios; a expressão única dos olhos claros, profundos como um perau. Sempre achei algo em meu pai parecido com Henry Fonda, não sei bem o quê.
Visualizo, como num filme, o cemitério local. Quanto vazio. Não posso entrar lá. Em todas as alamedas encontro conhecidos em fotos alouçadas. Alguns estão sorrindo para mim. Olho para o que foram em algum momento da vida frente ao fotógrafo e penso: “estavam vivos”. E penso: “como deveriam sentir-se bem vivos”. E penso: “conversei com eles, brinquei com eles, rimos juntos”. Dia nove de setembro eu deveria ter ido lá. Não fui. Queria ser duro como Humphrey Bogart e digno como Henry Fonda.
  Trabalho de estivador

Um dia desses senti-me culpado em meio à azáfama caseira. Todos faziam alguma coisa de útil: montar estante, classificar objetos, tirar o pó, cozinhar, lavar. Eu, em pé no corredor, braço esquerdo apertando a térmica contra o peito, cuia na mão direita, bomba na boca, tomava mate – pra quem olhava, placidamente. Os constantes “com-licenças” já cediam à irritação incontida dos “sai-da-frente” e dos “por-que-tu-não-senta-lá-na-sala?”
O irônico da história é que eu não estava apenas tomando mate, estava trabalhando também, e duro. O que lhes parecia plácido, era uma turbulência só; meu cérebro suava como um estivador. Mas como convencê-las disso? Senti-me como Bentinho quando a mãe de Capitu entrou na sala após o beijo e ele ficou “cozido à parede”. Eu também não tinha culpa!
Li esses dias que 90% das pessoas que não alcançam o orgasmo estão com problemas no lado direito do cérebro. Não são problemas físicos, estrito senso. Isso é ótimo, porque muita gente acha que tudo se resume a pênis, vagina, músculos e seios. O cérebro de Ali, em 1974, na África, nocauteou a espantosa força de Foreman no emblemático 7º assalto. Eu já tivera uma demonstração cabal da importância do cérebro no todo humano quando, anos antes, em Dallas, Jackie engatinhou em desespero sobre a lataria do conversível preto, catando postas da massa encefálica de Kennedy. Mas não sejamos teledramáticos. À ciência.
As atividades físicas são meras escravas dos estímulos cerebrais, logo, não há nada mais elevado do que tomar mate – e pensar! E era o que eu fazia, olímpico, mas insuspeitadamente, para os outros. Não estou mais na idade do bicho carpinteiro, quando o pensamento manifesta-se em alarido, em riso, em permanente movimento. Fui sentar-me no sofá da sala e escrevi este texto, no qual estivera trabalhando em pé, no corredor. Vieram-me os versos do ovo de João Cabral: “ ...que seu peso não é o das pedras, / inanimado, frio, goro; / que o seu é um peso morno, túmido, / um peso que é vivo e não morto”.
Recostei-me na almofada e fechei os olhos, para melhor fruir o poema. Então vieram elas, pé-por-pé. Uma sussurrou: “Pobrezinho, está cansado, dormiu”. Outra fez “psssst”. Outra me cobriu com o sono-leve. Outra encostou as persianas. Outra tirou-me os cabelos dos olhos e tocou-me a testa. Todas solícitas e compreensivas. Tive de continuar dormindo, para não quebrar o encanto. E porque estava bom, quentinho, e um estivador merece.

Canção da 301 PV
(ou Canção da Paz, quando mostrei-lhes o filme de Eisenstein
e alguns dormiram de roncar)
A vida nos faz mais velhos,
Mári, Iara, Mariléia,
E nem sempre mais felizes.
Não existe panacéia.

Todos os dias da vida,
Mauro, Viviane, Helenice,
Como vésperas de nada?
Como enfadada mesmice?

Eu penso que a vida é história,
Josiane, Cíntia, Fatiana.
E nós, do lado de fora?
Apupando a caravana?

Todos os dias da vida,
Mais velho? Mais velhos? Sim.
Mas juntos e mais felizes
A bordo do Potemkin.

José Carlos Fernández Queiroga © 2004 - www.lapandorga.com.br
:: Todos os Direitos Reservados ::


 
 

Página Inicial Bolicho Brincando com Cor Crônicas Cinematográficas Curriculum Vitae Idiossincrasias No Andar da Carruagem Rancho La Pandorga Rascunhos Criativos
Valiosas Colaborações Livros Contato



Web & Design:
Luiz Silveira